segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)


sábado, 24 de outubro de 2009

Mais uma semana se vai!
Ainda estou amando as pessoas... que bom!
Gostando de conhecer gente.
Ansiosa para os dias que virão! Quiçá, assim: de repente, tudo se transformará!
Feliz, sempre feliz!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Se Quincas pede, tudo pode!

Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

(Carlos Drummond de Andrade)


Gabriel, amo você!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A pedido de Jader Resende

Poema da purificação

Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.

As água ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.

Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.


(Carlos Drmmond de Andrade)

"Gabriel, sorte hoje! Amo você..."

sábado, 17 de outubro de 2009

Carmen purificationis

Tot ad finem praeliorum
bonus angelus malo mortem intulit
cuius corpus praeceps dedit flumini.

Evaserunt undae rubrae
sanguine perenniter,
mortui sunt et pisces omnes.

Lumen tamen unde veniens
nemo fuit qui diceret
mundo illuminando apparuit,
angelusque vulnus alter persanavit
dimicantis angeli.


(Carlos Drummond de Andrade - tradução: Silva Bélkior)

sábado, 10 de outubro de 2009

Cansada!
O dia amanheceu ensolarado, mas ficou não durou...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Recorte que ganhei da minha mãe...

Ler sempre
Ler muito.
Ler "quase" tudo.
Ler com os olhos,
com os ouvidos
com o tato,
pelos poros
e demais sentidos.
Ler com razão e
sensibilidade.
Ler desejos, o tempo,
o som do silêncio
e o vento.
Ler imagens, paisagens,
viagens,
Ler para obter informações,
Inquietações,
dor e prazer.
Ler o fracasso,
o sucesso,
o ilegível,
o impensável,
as entrelinhas...
Ler na escola, em casa,
no campo, na estrada,
em qualquer lugar...
Ler a vida e a morte.
(...)

( Edith Chacon Theodoro)

sábado, 3 de outubro de 2009

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não quere-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a magica presença das estrelas!

(Mario Quintana)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Não é mais, Murilo, a 'Poesia em Pânico". É a vida em pânico, somos nós em pânico... com pânico de nós mesmos! Querendo (re)inventar para, no fundo, não dar de cara com o silêncio infinito, com os "milhões de olhos por dentro"... Vamos viver tudo de todas as formas, Pessoa, deixar o medo consumir cada instante. Dar ao corpo e a alma ares de eterno! Mentir - e acreditar - que a vida permanece além túmulo!
Não escrevo almejando o "durar para sempre", faço-o para explorar o meu espanto! Na verdade por simples capricho, apego as coisas bem coisas!
Estão cheios de lágrimas. Como a vida não teve pena dos mortos. Manuel Bandeira. Clarice Lispector.
Lendo alguns imortais deparo-me com a vida.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Uma tela de Jader Resende

Lembro-me de possuir apena uma flor! Engraçado como elas continuam a nos inspirar... carregam qualquer coisa de silêncio nas pétalas, sempre delicadas! Quando eu era menos complicada tinha flores...
Obrigada, amigo Jader, pelo presente!


(Jader Resende)

(...) "dentre tantas a mais indicada realmente é uma flor."
Meu pequeno jardim plantado em vasos
Saudade...

Pela nostalgia, amigo, obrigada!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Para Jader Resende

De repente descubro que o mundo pode ser do tamanho que quero!

Essa cova em que estás
com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste da vida
É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que me cabe
deste latifúndio.
(João Cabral de Melo Neto)
Obrigada, amigo Jader, pela sugestão! Pelo interesse e, principalmente, pela sensibilidade...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Decisão

Decidir? Deixe isso rolar...
Ir de encontro à emoção!
Tocar, e chega.
Suspirar.Sentir.Calar
De repente perceber
Que a canção é viva!

Decidir?
Se já escolheu
A felicidade que lhe faz
E mesmo sem poder voltar
Deixe a canção tocar em paz!

Não leve a mal o poeta
Só canta para que a musa
Pense. Cale e suspire
Escolhas tão naturais

(Gabriel Oliveira)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Não é mais o sexual que é indecente, é o sentimental – censurado em nome daquilo que não passa, no fundo, de uma outra moral.

(O animal agonizante - Philip Roth)
Teresa não deu em nada. Fizeram dela. Acharam. Só Teresa sabia. Só Teresa sentia. Coitada! Não teve coragem na vida. Se quisesse podia falar, mas o ar ficava preso entre os dentes... Chorava: a única coisa. Dizia - quando muito - trazer alivio ao coração que já batia em frangalhos.
Alice. Só Alice não chorou. Olhou para o alto. Reconheceu. Quando baixou os olhos notou a terra cheia de vermes. Riu. Pisou. Como podia aniquilar aqueles seres falantes! Alice amou a vida. Fez. Achou. Só Alice sabia. Só Alice sentia.
E eu?

-------

Gabriel, feliz por mais um mês!

AS SEM-RAZÕES DO AMOR


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

Amo você!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Para Liciane Pataca, uma amiga querida...

Psicologia de um vencido


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

(Augusto dos Anjos)

sábado, 19 de setembro de 2009

Homeostasia

incerteza, insegurança
é Fernando
quiçá, Pessoa volúvel
cheira à guerra
luta para não girar com o vento

constância na música
na pOeSiA

no c
........o
...........ti
.............diano
no caminhar das horas
até na alegr...

o ritmo, me guia
a métrica, consome
e o descompasso
ah! ainda me cria...

manter-se firme? magistral

b-e-l-o
mas... nessa batalha só caio
enroscado à inconstância

(Gabriel Oliveira)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ciranda da Bailarina

Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem...


(Edu Lobo / Chico Buarque)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Reflexivo

O que não escrevi, calou-me.
O que não fiz, partiu-me.
O que não senti, doeu-se.
O que não vivi, morreu-se.
O que adiei, adeu-se.

(Affonso Romano de Sant'Anna)



Cores de Almodóvar

Já me sabia feliz, ainda mais feliz que antes... mas ontem aconteceu que me falaram do sorriso alegre...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

E releio os posts do blog

Não tenho idéias nem vontade de sentar à mesa nem coragem para pegar a caneta e o papel ficou tão longe... por que fui esquecê-lo? pronto! não desenho mais nenhuma letra. mas fico pensando P-E-N-S-A-N-D-O pensando pensando... imaginando milumacoisas que as palavras gostariam de dizer e não permiti! como sou egoísta... agora fico triste. já não vale a pena dizer. tentar mudar o mundo? se nem as palavras, sempre quietas, sou capaz de escutar... decido fazer silêncio. prometo contar-lhes tudo que elas, sempre crianças, me disserem!



"Gabriel, amo você!"

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"De tudo quanto se escreve, só me agrada o que alguém escreveu com seu sangue. Escreve com sangue e descobrirás que o sangue é o espírito."

(Nietzsche)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

PLANTAR ALFACE PARA COMER NO ALMOÇO!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Confissão de Cabôco

Seu duotô, sou criminoso.
Sou criminoso de morte.
Tou aqui pra mim intregá.
Voimicê fique sabendo:
– Quando a muié traz a sorte
De atraiçoá o isposo
Só presta para se matá.

Nunca pensei, seu doutô
Qui a mão nêga do distino,
Merguiasse as minhas mão
No sangue dos assarcino!

Vô li pidí um favô
Ante de vossamercê
Mim butá daqui pra fora:
– É a licença do doutô
Pr’eu li contá minha histora.

Sinhô dotô delegado,
Digo a vossa sinhuria
Qui inté onte fui casado
Cum a muié qui im vida
Se chamô ROSA MARIA.

Faz dez mês qui se gostemo,
Faz oito qui fumo noivo
Faz sete qui nós casêmo.

Nós casêmo e nós vivia
Cuma pobre, é verdade,
Mas a gente se sentia
Rico de filicidade!

Pras banda qui nós morava,
No lugá Chã da Cutia,
Morava tombém um cabra
Chamado Chico Faria.

Esse cabra, antigamente,
Tinha gostado de Rosa,
Chegaro, inté a sê noivo,
Mas num fizero a “introza”
Do casamento, prumode
Mané Uréia de bode,
Qui era padrim de Maria
Tê dismanchado essa prosa.

Entoce, o Chico Faria,
Adispois qui nós casêmo,
In cunversa, as vez dizia,
Qui ainda mi dava fim
Pra se casá cum Maria.

Dessa coisa eu sabia,
Mas nunca dei importança.

Tinha toda cunfiança
Na muié qui eu tanto amava,
Ou mais mió, adorava...
Cum toda a minha sustança!

Dispois disso, o meu custume
Era vivê trabaiando
Sem da muié tê ciume.

A muié pru sua vez
Nunca me deu cabimento
Deu pensá qui ela fizesse
Um dia um farcejamento.

Mas, seu doutô, tome tento
No resto da minha histora,
Qui o ruim chegô agora:

Se não me farta a mimora,
Já faz assim uns três mêis,
Qui o cabra, Chico Faria,
Todo prosa, todo ancho,
Quage sempre, mais das vêz,
Avistava o meu rancho.

Puralí, discunfiado
Como quem qué e não qué,
Eu fui vendo qui o marvado
Tentava a minha muié.

Ou tentação ou engano,
Eu fui vendo a coisa feia!
Pru derradêro eu já tava
C’a mosca detrás da uréia.

Os tempo foi se passando
E o meu arriceiamento
Cada vez ia omentano.

Seu dotô, vá iscutano:

Onte, já de tardezinha
O meu cumpade, Quinca Arruda,
Mi chamô pra nós dança
Num samba – lá na Varginha,
Na casa do mestre Duda.

Mestre Duda é um cabôco,
Um tocado de premêra.
É o imboladô de côco
Mió daquela rebêra.

Entonce Rosa Maria,
Sempre gostou de samba,
Mas, porém, de tardezinha
Me disse discunfiada,
Qui pru samba ela não ia,
Qui tava munto infadada,
Percisava se deita...

Eu fiquei discunfiado
Cum a preposta da muié!

Dispois qui tomei café,
Cuage puro sem mistura,
Cum a faca na cintura
Fui pru samba, fui sambá.

Cheguei no samba, dotô.
Repare agora, o sinhô,
Quem era qui tava lá?

O cabra Chico Faria.
Qui quano foi me avistando,
Foi logo mi preguntando:
– Cadê siá dona Maria,
Num veio não, pra dançá?

– Não sinhô. Ficô im casa.
Pru cabôco arrispondí.

Senti, entonce uma brasa
Queimano meu coração,
Nunca mais pude tirá
As palavra desse cabra
Da minha maginação.

Perdí o gosto da festa
E dançá num pude não.

O cabra, pru sua vez
Num dançava, seu doutô.
De vez im quando me oiva
Cum um oiá de traidô.

Meia noite, mais ou meno,
Se dispidino do povo
Disse: – Adeus, qui eu já vô.

Quando ele se arritirô,
Eu tombem me arritirei
Atraiz dele, sim sinhô.
Ele na frente, eu atrais.
Se o cabra andava ligêro,
Eu andava munto mais!

Noite iscura qui nem breu!

Nem eu avistava o cabra,
Nem o cabra via eu!

Sempre andando, sempre andando.
Ele na frente, eu atrais.

Já nem se iscutava mais
A voz do fole tocando
Na casa do mestre Duda!

A noite tava mais preta
Qui a cunciênça de Judá!

Sempre andando, sempre andando.
Eu fui vendo, seu doutô,
Qui o marvado ia tumando
Direção da minha casa!

Minha casa!... Sim sinhô!

Já pertinho, no terrero
Eu mim iscundí pru detraiz
De um pé de trapiazêro.

Abaixadim, iscundido,
Prendi a suspiração,
Abri os óio, os ouvido,
Pra mió vê e ouvi
Qua era a sua intenção.

Seu doutô, repare bem:

O cabra oiando pra traiz,
Do mermo jeito, qui faiz
Um ladrão pra vê arguém,
Num tendo visto ninguém,
Na minha porta bateu!

De lá de dentro uma voiz
Bem baixim arrispondeu...

Ele entonce, cá de fora:

– Quem ta bateno sou eu!

De repente abriu-se a porta!

Aí seu doutô, nessa hora
A isperança tava morta,
Tava morto o meu amô...

No iscuro uma voiz falô:

– Taqui, seu Chico, essa carta,
Qui a tempo tinha iscrivido
Pra mandá pra voismicê.
Pru favô num leia agora,
Vá simbora, vá simbora,
Qui quando chegá im casa
Tem munto tempo pra lê.

Quando minhas oiça ouviu,
As palavra qui Maria
Dizia pru disgraçado,
Eu fiquei amalucado,
Fiquei quage cuma loco,
Ou mio, cumo um cabôco
Quando ta chêi de isprito!

Dum sarto, cumo um cabrito,
Eu tava nos pés do cabra
E sem querer dei um grito:

– Miserave! E arrastei
Minha faca da cintura.

Naquela hora dotô,
Eu vi o Chico Faria,
Na bêra da sipurtura!

Mas o cabra têve sorte.

Sempre nessas circunstança
Os home foge da morte.

Correu o cabra, dotô
Tão vexado, qui dêxou
A carta caí no chão!

Dei de garra do papé,
O portadô da traição!

Machuquei nas minha mão,
A honra, douto, a honra
Daquela farsa muié!

Dispois oiando pra carta
Tive pena, pode crer,
De num tê prindido a lê.
Nas letra alí iscrivida
O qui dizia Maria
Pru marvado traidô.

Tive pena, sim sinhô.
Mas, qui haverá de fazê
Se eu nunca prindí a lê?

Maria mi atraiçuô!

Essa muié qui um dia,
Juêiada nos pé do artá
Jurou im nome de Deus
Qui inquanto tivesse vida,
Haverá de mim honrá
E mim amá cum todo amo.

Cum perdão do seu doutô.

Quando eu vi a miserave
Na iscurideza da noite
Dos meu oio se iscondê
Sem dêxá nem sombra inté
Entrei pra dentro de casa
Pra mi vingá da muié.

Douto, qui hora minguada!
Maria tava ajuêiada,
Chorando, cum as mão posta
Cumo quem faz oração.
Oiando pra eu pedia,
Pelo cali, pela osta,
Pru Jesus crucificado,
Pelo amo qui eu li amava
Qui num fizesse isso não.

Eu tava, doutô, eu tava
Cego de raiva e paixão.

Sem dizê uma palavra,
Agarrei nas suas mão,
Levantei ela pra riba
E interrei inté o cabo,
O ferro da parnaíba
Pru riba do coração!

Sarvei a honra, doutô,
Sarvei a honra, apois não!

Dispois qui vi a Maria
Caí sem vida no chão,
Vim fala cum vosmicê,
Vim cunfessá o meu crime
E mim intregá as prisão.

Se o sinhô num acredita
Se eu sô criminoso ou não,
Tá aqui a faca assarcina
E o sangue nas minhas mão.

Cumo prova da traição,
Tá aqui a carta, doutô.

Li peço um grande favô:

Ante de vossa-sinhuria
Mi mandá lá para prisão
Me lêia aqui essa carta
Pr’eu sabê cumo Maria
Perparava essa trição!

A CARTA

“Seu Chico:

Chã da Cutia.

Digo a vossa senhoria
Que só lhe escrevo essa carta
Pru senhor ficar sabendo
Que eu não sou a mulher
Que o senhor tá entendendo.

Se o senhor continuar
Com os seus disbiques atrevidos
O jeito que tem é contar
Tudo, tudo a meu marido.

O senhor fique sabendo
Que com seu discaramento,
Não faz nunca eu quebrar
O sagrado juramento
Que eu jurei nos pés do altar,
No dia do casamento.

Se o senhor é inxirido,
Encontrou u’a mulher forte,
O nome do meu marido
Eu honro até minha morte!

Sou de vossa senhoria,

Sua criada.

MARIA.”

– Doutô! Doutô mi arresponda
O qui é qui eu tô ouvindo?
Vosmicê leu a carta,
Ou num leu, ta mi inludindo?

– Doutô! Meu Deus! Seu doutô,
Maria tava inucente?
Me arresponda pru favo!

Inocente! Sim, senhor!

Matei Maria inucente!

Pru que, seu doutô, pru que?

Matei Maria somente
Pruque num aprendi a lê!

Infiliz de quem num leu
Uma carta de ABC.

Magine agora o doutô,
Quanto é grande o meu sofrê!

Sou duas veiz criminoso,
Qui castigo, seu doutô!

Qui mizera! Qui horrô!
Qui crime num sabê lê!

(Zé da Luz)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu ...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

(Florbela Espanca)

quarta-feira, 29 de julho de 2009


terça-feira, 28 de julho de 2009

Quero deixar cair todos os cadáveres que carrego nos ombros! Preciso de toques de verdade... sorrisos reais, pensamentos - muitos pensamentos! -, ideias lotadas de cor, de som... MOVIMENTO! Por isso, escolho a vida. Pessoas mortas já não passam por aqui. Exercem a função de meterem o nariz, gelado, em tudo. São como as coisas, incomodam, tiram nosso sono - já nos disse Quintana. Creiamos: ele conheceu João e João é inquietante!
A vida está nos olhos do velhos bem velhos... quando não tinham mais o que fazer amaram raparigas na terra nua. Depois deixaram os dias levarem a juventude do corpo, mas não da alma! A vida está nos sorrisos das crianças... escancaram as bocas pequeninas num riso sincero, sem saber que o que as tornam alegres, às vezes - e quase sempre - é a desgraça dos outros.
Quero romper com o pensamento dos mortos! Preciso das horas simples, dos velhos, das crianças e vez ou outra a presença viva das matas...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Considerações

Às vezes vontade de sentar, tomar o café derradeiro e correr para o mundo que não para!
Outras apenas cuidar da velha árvore no quintal... ficar sentada até o último dia!
Mas não, não quero grandes excessos. Se pudesse me equilibrar... já não posso mais: a corda bamba ficou frágil, podre! Impossível passar sem cair.

-----
Ontem falava sobre Paixão. Os sábios Clichês hão de matar-me por querer que Ela não passe. Creio, e creio com a mesma certeza dos loucos incompreendidos, que Ela permanece. É como perfume vulgar cujo banho alivia, mas fica para sempre na pele de quem usa! É o vício nos drogados... vai além da filosofia! Nos escapa...
Recuso-me a pensar que Ela, toda graciosa, ceda lugar ao amor. Ela vive - quase - independente dele. Cabe a mim, na hora agora levanto a bandeira em favor da tão inesperada Dama, não deixar que Ela morra, mas que seja incendiada a cada momento!
Oh! Bela Senhora... permita nunca que Suas labaredas tornem-se brasas! Preciso do vento soprando as chamas ardentes...

-----
Achei essa foto em dias de chuva.
Talvez mereça um post., se não merecer agora fica sendo!

Emiliano Capozoli
-----
O AMANTE INVISÍVEL

Quero suprimir o tempo e o espaço
A fim de me encontrar sem limites unido ao teu ser,
Quero que Deus aniquile minha forma atual e me faça voltar a ti,
Quero circular no teu corpo com a velocidade da hóstia,
Quero penetrar nas tuas entranhas
A fim de ter um conhecimento de ti que nem tu mesma possuis,
Quero navegar nas tuas artérias e confabular com teu sangue,
Quero levantar tua pálpebra e espiar tua pupila quando acordares,
Quero baixar a nuvem para que teu sono seja calmo,
Quero ser expelido pela tua saliva,
Quero me estorcer nos teus braços
Quando os fundamentos da terra se abalarem nos teus pesadelos,
Quero escrever a biografia de todos os átomos do teu corpo,
Quero combinar os sons
Para que a música da maior ternura embale teus ouvidos,
Quero mandar teu nome nas flechas dos ventos
Para que outros povos te conheçam do outro lado do mar,
Quero forçar teu pensamento a pensar em mim,
Quero desenhar diante de teus olhos
O Alfa e Ômega nos teus instantes de dúvida,
Quero subir em ramagem pelas tuas pernas,
Quero me enrolar em serpente no teu pescoço,
Quero ser acariciado em pedra pelas tuas mãos,
Quero me dissolver em perfume nas tuas narinas,
Quero me transformar em ti.
(Murilo Mendes: A Poesia em Pânico. 1936-1937)
* Deixo as palavras de Murilo Mendes para meu amor
Sou uma pessoa apaixonada!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Silêncio de um Cipreste

Todo mundo tem o direito
De viver cantando
O meu único defeito
É viver pensando
Em que não realizei
E é difícil realizar
Se eu pudesse dar um jeito
Mudaria o meu pensar

O pensamento é uma folha desprendida
Do galho de nossas vidas
Que o vento leva e conduz
É uma luz vacilante e cega
É o silêncio do cipreste
Escoltado pela cruz

(Cartola e Carlos Cachaça)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Nenhum post. O último ainda um tanto triste...
Ando cansada, sem vontade de escrever! Aborreço-me às vezes ao deixar rasto, mas se não o deixo meu ser explode dentro em mim... resta-me apenas passar, esperar que outros olhem as pegadas que ficaram no chão sujo!
Planos, muitos panos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Estou triste!
Vontade de chorar feito criança...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

(!): à Flor D'água

(!): à Flor D'água

Mário Liz mais uma vez.
À propósito: com muito prazer...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

E diziam que nada poderia alterar meu tom... ou talvez dizia eu!
Hoje o Cansaço Diário ficaria sem post., porém Quincas pediu e se Quincas pede tudo pode!

O poema é do Vinicius!


O CAMELÔ DO AMOR

O Amor tonifica o cabelo das mulheres
Torna-o vivo
e dá-lhe um brilho natural.
Ondulações permanentes? só das do amor. Amai!
Nada melhor que o Amor para as moléstias do couro cabeludo.

O Amor
ilumina os olhos das mulheres
Olhos sem cor? Amor! Olhos injetados?
Colírio lágrimas de Amor! Amai mulheres!
O Amor branqueia a córnea,
acende a íris, dilata as pupilas cansadas.

O Amor limpa de rugas a
fronte das mulheres
Para pés-de-galinha, beijos de Amor. Tende sempre em
mente:
O Amor coroa as mulheres de pesados diademas invisíveis
Amai
mulheres! A mulher que ama move-se dignamente.

O Amor heleniza o nariz
das mulheres
Quando não dá-lhes delicados riques, particularmente nas asas.
Narizes gordurosos, com propensão a cravos, acnes ou espinhas?
Amai,
mulheres! esfregando de leve os narizes de encontro ao nariz amado.

Amor
horizontal é melhor e não faz mal. Bocas plenas rosadas palpitantes?
Beijos
de Amor constantes! mantêm-nas bem lubrificadas.
Se quereis conservar aceso
o ardor dos que vos amam
Beijai, mulheres! doce, triste, alegre,
violentamente apaixonadas.

Nem Ardens, nem Rubinsteins: morte às
pomadas!
Pomadas, cremes, só de amor, amadas!
Pele jovem e macia? amai
se possível todo o dia
E ante o esplendor de vossas peles há de ruborizar-se
a madrugada.

O Amor estimula extraordinariamente a higiene bucal
Os
amorosos lavam-se os dentes, dão-se massagens nas gengivas,
limpam-se as
línguas com água e sal Que é, como todos sabem, o composto químico da saliva
Que conseqüentemente se ativa impedindo a halitose e tornando a carícia
palatal.

Não sabe aquela que só compra Lifebuoy?
Perdeu o marido e
nunca soube como foi.
Sim, lavai-o debaixo de vossas asas, ó anjos, mas nada
de exagero:
Uma axila sem cheiro pode levar um homem ao desespero.

Basta de pastas: ó tu que transportas o leite contigo
Bom até a
última gota! sou teu amigo ouve o que te digo;
Se amares o sangue funcionará
melhor em tuas glândulas mamares
E terás seios autodidatas firmes objetivos
singulares.

Chega de plásticas cirúrgicas, radioterapias e outras
perfumarias
Vivei e amai ao sol: para aquele que vos ama vossos defeitos são
poesia
Nada mais lindo que a feiúra da mulher amada.
Por isso eu sempre
digo: qual regulador qual nada!

Regulador? besteira! Amai, mulheres.
A verdadeira Saúde da mulher está em ser boa companheira
Dê e tome, tome
e mate, e mate de Amor.
A mulher que se preza Sabe sorrir.
Conserve o
seu sorriso. Valha o quanto pesa.

Se é de Amor, é bom. Eu sempre digo, e
faço figa D
o que me diga não ser melhor que óleo de fígado.
Pois além
de excitar o metabolismo basal
Para o simpático é o tônico ideal.
Eis o
seu mal, não amar. Daí, decerto, a causa
Dessas palpitações, enxaquecas e
náuseas...
O espetáculo começa quando a senhora chega.
Espere um
instante por favor
E repita comigo, bem devagar: A-M-O-R.
(Vinicius de Moraes)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Dizem que é ao acaso que encontramos o amor da nossa vida! Não acredito em acasos, mas em amores eternos...

"Quanto mais olho pra você, mais sei que não somos dois."
(Fernando Pessoa)

A vida é a eterna reciclagem! Cada um tem seu tempo aqui na terra...

"tempo para nascer e tempo para morrer"
(Eclesiastes)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dois parágrafos de um livro

É o começo de um livro, porém sem revisão e sem tamanho para ser até mesmo isso...sem palavras escritas da forma como querem! Preciso de dez páginas as outras dez ficam por conta de Jéssica Dias, irmã maravilhosa!


Estava cansada das pessoas que a olhavam sempre com cara de pena, não havia motivo, afinal era como os outros. Queria ser tocada, até mesmo como as prostitutas, sentir o frêmito da vida! Sabia viver, sonhava com outros dias e também que o mundo lhe reservara algo raro, bastava esperar o tempo certo...
O sol batia em seu rosto tornando-o mais claro que o habitual, deixando à mostra rugas disfarçadas - na noite anterior - por um pó barato. Nesse instante Alice acordou. Era tarde de domingo. Viu-se refletida no óculos que a filha esquecera sobre o móvel enferrujado. Santo Deus, que cabelo! Que cara... Era preciso mudar, era urgente transformar o próprio jeito de se apresentar, mas Branca arrebentara a porta e o silêncio que suavizava qualquer impressão de Alice.
- Mãe!

(...)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

"Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo"
(Os Sofrimentos do Jovem
Wherter - Goethe)
Posso ser o que quiser. Basta os olhos imaginarem eu passarinho, eu coisa... qualquer coisa! Ainda ganhar os ares, se eu nuvem e mais uma vez o céu se eu sol. Mas não sou toda imagem, falta-me a graça dos loucos, bem loucos... tão loucos que são o momento, apenas! Quiçá eles passarinhos conquistem asas de verdade!

terça-feira, 30 de junho de 2009

(!): PoeMichael

(!): PoeMichael

Um poema de Mário Liz!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Hoje é o dia em que tudo renasce, é o dia da metamorfose... mas também pode ser meu dia de azar, se eu acreditasse nisso! Tudo sucede no momento exato da falta de compreensão, porque "alcançar com a inteligência; atinar com; perceber, entender" (Dicionário Aurélio - Século XXI) é errar. Não posso querer saber, eu que nem o limite da vida imagino... vou inventando o ritmo do tempo, encontro Manuel Bandeira na cinza das horas e eu no eu profundo de Pessoa. Há mister não enlouquecer com o movimento brusco: mundo. Com a rotação e translação da fantasia dos pensadores. Minha fantasia... boneca de pano! Emília... infância tardia... ( Reticências são imprecisas, mas não achei outro ponto nesse lugar do desenho!)

Mantiqueira traz sempre pessoas interessantes! Sorrisos perdidos... vontades, muitas vontades! De não parar mais, pular muro, soltar pipa, entrar na cachoeira mais gelada! Necessidade de ser real. Lembrar que o medo moderno aprisiona, não nos deixa livres...

"É preciso não esquecer nada
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta nem
o céu de sempre. " (Cecília Meireles)

Ando tão feliz...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sou tão complicada. Cheia de detalhes, de assuntos que nao interessam a ninguém! Nem a mim. Às vezes sofro pela inconstância do meu ser... Até quando não terei medida?
Pasmo sempre que descubro outros seres com a mesma inquietação! Sofro por eles, talvez não se adaptem ao hoje nunca... se não tiverem um centro real, provavelmente ficarão loucos! Esse medo da loucura, esse medo, ESSE MEDO se transfigura na própria insanidade! Na verdade, estou sempre a procura de algo que me prenda, nos prenda, que faça o meu cérebro parar! Crianças fazem isso! Elas tem, nos olhos, um tanto capaz de nos amparar e a um só tempo deixar vir a liberdade!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Um poema com o meu nome

Um poema do Mário Liz!
Entrem no blog dele:
http://meiomarmeiorio.blogspot.com/


Thamíris

devaneios de cores e poemas de cor,
salteados na alma.
olhos puxados e flores que afloram à pele
com cheiro e conchavos de flor.

ela é Tudo. tudo é Ela.
e ainda quando cala, revela:
escancara a flor que pulsa
no lado esquerdo da lapela.

coração que bate e destempera.
a louca espera do sonho.
o medonho de beijar a vida e morde-la.

abocanhar o dia.
salivar a noite.
e mesmo o açoite da tristeza.
tudo por Ela passa.
e ela passa por Tudo.
e sempre envolta de flores.

entre o arco e a íris.
entre mares e amores.

(Mário Liz)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pra bom entendedor...

EIS A MINHA VIDA, VERSO A VERSO
(Albero Caeiro)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pessoas, pessoas...

Outro dia escrevi "pequenas coisas enchem de sorrisos nossos lábios!", da mesma forma e com velocidade maior alguns tiram nosso equilíbrio, fazem do instante, que poderia ser mágico, malíssimo! Detesto pessoas cinzas!
Mas vamos rindo, seguindo conforme calha!
Superando momentos, inventando amarelo e azul no negro...
Conhecendo quem nos pegue no braço!

Um menino me disse que as pessoas usam roupas coloridas, dão risada, mas não são como as crianças. Recuso-me a crer nisso, porém começo a rever alguns conceitos...

Inté!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Entrevista

Final de semana passado, domingo.

A Bru resolveu entrevistar o meu padrinho, Pe. Sebastião, olhem só:

Vida de Padre

Quando vamos à missa ou a algum encontro religioso, temos os ministros por santos e não imaginamos o que pode acontecer nas suas vidas pessoais. Ao terminar uma celebração o que acontece com um padre, pra onde ele vai com quem ele conversa. Foi para sanar curiosidades que procurei o Pe. Sebastião Márcio Maciel, em Cambuí e em entrevista pude concluir que além do chamado especial que cada um recebeu por Deus, essas pessoas que entregam suas vidas ao ministério e à devoção tem sentimentos como qualquer um de nós, que também podem sentir tristeza e solidão, mas acreditam piamente que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza, como já dizia o apóstolo Paulo, e que são homens como qualquer outro, o que muda são as escolhas que fizeram.

Perfil: Pe. Sebastião Márcio Maciel, nasceu em Soledade de Minas, está em Cambuí há 4 anos, o jovem Padre tem apenas 29 anos.

Bruna Mariana: Quando o senhor recebeu o chamado para ser Padre?

Pe. Sebastião: A vocação é dom e mistério. Quando eu era criança já brincava com as imagens de Santos. Queria ser padre, mas não levava a sério o chamado. Em agosto de 1995, resolvi conhecer o Seminário em Pouso Alegre, mas só um ano depois, em 96, concretizei o chamado, aos 16 anos. Tive sinais de vocação desde cedo.

Bruna Mariana: Há quantos anos o senhor fez os votos e foi ordenado padre?

Pe. Sebastião: No Seminário terminei o Colegial, estudei Filosofia e Teologia. Lá fiquei 10 anos, fui ordenado há dois anos e meio, vim pra Cambuí como estudante, em Janeiro de 2006, em março fui ordenado diácono e nesse mesmo ano no dia 29 de setembro fui ordenado Padre.
Bruna Mariana: Hoje qual a idade mínima para se entrar no Seminário?

Pe. Sebastião: 18 anos. Antes podia-se entrar no Seminário com 13, mas hoje com 18 anos, pois acredita-se que com essa idade o jovem tem mais maturidade e convicção do chamado. Com isso o número de vocacionados caiu muito, hoje no Brasil falta em torno de 30 bispos.
Mas temos que acreditar na potencialidade da semente.

Bruna Mariana: O que o senhor acha sobre o celibato? O senhor é a favor da liberação do celibato para os padres?

Pe. Sebastião: O celibato é necessário para o mundo. Não fui coagido, não recebi influência da família ou da comunidade. Deus utiliza da minha fraqueza para fortalecer a muitos. Sou contra a liberação do celibato.

Bruna Mariana: O que o senhor acha do crescimento das igrejas evangélicas em Cambuí, a Igreja Católica tem perdido fiéis?

Pe. Sebastião: O que é perder fiéis? Isso a nível quantitativo ou qualitativo? Hoje em Cambuí temos 80% de católicos, desses 20% são cristãos segundo seus interesses. Não são católicos que saem da igreja, mas das igrejas tradicionais, essas pessoas saem das próprias igrejas evangélicas e migram de uma igreja para outra.


Bruna Mariana:O que o senhor entende por essas palavras?
Bruna Mariana: Deus
Pe. Sebastião: O sentido da vida
Bruna Mariana: Amor
Pe. Sebastião: Entrega
Bruna Mariana: Celibato
Pe. Sebastião: Opção pelo reino
Bruna Mariana: Família
Pe. Sebastião: Base da Sociedade
Bruna Mariana: Vocação
Pe. Sebastião: Meta a ser alcançada
Bruna Mriana: Juventude
Pe. Sebastião: Semente para um mundo novo

Bruna Mariana: Deixe uma frase para o final dessa entrevista.

Pe. Sebastião: Deuteronômio 7:7 “O Senhor me amou e me escolheu.”
"O ser humano tem que ter consciência de que é amado por Deus. Ele sonhou o ser
humano. Ele nos chama para ser continuadores.
A base do sacerdócio
ministerial está em Hebreus 5:1-4. O Padre é tirado do meio do povo e devolvido
ao povo nas coisas que se referem a Deus. É Ele quem escolhe."
Bruna Mariana de Souza
3º Período de Jornalismo

quarta-feira, 17 de junho de 2009

É engraçado como pequenas coisas enchem de sorrisos nossos lábios!
Risos, muitos risos nessa manhã!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Leda e o Cisne

Para minha mãe...
Leonardo da Vinci

"Leda e o Cisne é uma
pintura
de Leonardo representando Leda – rainha de Esparta – e Zeus, transfigurado em cisne. O estilo de Leonardo é muito bem comportado, parece ser o
primeiro nu
de suas obras. Mas em sua época, essa
pintura foi tratada por
seus contemporâneos como um tema muito erótico.
Aqui
se pode observar
toda a sua técnica sobre perspectiva aérea. Em primeiro plano
as linhas dos
contornos são mais vivos e à medida que a imagem vai se afastando,
ela perde
a nitidez, devido à atmosfera.
Sua cópia (o original não existe
mais) se
encontra na Galeria Borghese
em Roma, Itália."

(Wikipedia - A Enciclopédia Livre)


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Peripécias do feriado...

Quarta-feira constatei que a beleza vale nada se não for acompanhada de certo caráter. Tem que ter qualquer coisa de respeito...
Quinta-feira: "nada de novo debaixo do sol", apenas uma certeza da futilidade humana, inclusive a minha!
Sexta-feira encontrei o Paulinho, grande amigo! Rimos de certos bernes na vida, de primos e primas... fui embora sem deixar recado!
Dona Bruna Mariana, amiga linda, me tirou de casa no sábado à noite. Algumas amizades são eternas. Não importa o quanto durem, elas simplesmente são imortais.
Domingo resolvi assistir "Ninguém no Plural" de repente o Mário, não é aquele... é o Liz, chegou. A namorada dele também. Fiquei feliz, fazia tempo que não o via. Algumas pessoas conhecem nossa alma, sabem o quanto nos custa um sorriso discreto! Mala Liz.

Creio profundamente que o amor ainda vai nos levar além!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sobre o Cansaço

Faz tempo que preciso colocar um post sobre o nome "Cansaço Diário"
Devo agradecer muito um grande amigo: Pe. Sebastião Márcio Maciel. Foi ele quem me sugeriu o nome, mesmo sem saber que aventava qualquer coisa.

Numa conversa informal (msn) meu padrinho falava sobre o cansaço diário que enfrentava...

Confesso não ter dado muita importância para o assunto, pois nesse momento estava absorta com o nome que havia surgido. Gostei dele por estar tão unido à vida cotidiana! Também por supor antigos diários dos românticos...
--
Obrigada!
Na verdade devo tanto ao padre... foi quem me levantou na hora mais triste!
A sua bênção...


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Cores

Amo o colorido do dia, das pessoas!

As cores me fazem acreditar que as coisas são felizes, que nada pode suprimir o brilho nos olhos quando vê o amarelo forte do vestido na mulata!

Não posso dizer mais nada...

Henri Matisse

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cor de cinza chok

O dia hoje não está para mim.

Cansei de ser passional em tudo!

Deixo um traço daquele que amo...














...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Escrevi hoje - para alguém - que o dia, embora frio, está lindo... Céu de Alice no País das Maravilhas! Para desfrutar do maravilhoso fascínio natural, vale o sacrifício de bater os dendes!

Fico a achar que a vida vale mais a pena quando podemos, com velhos amigos - ou novos -, rir do que se foi e do "já era".

Lembro aqui Leandro Coser: um dia me tirou da mesmice de sábado à tarde para escancarar os lábios e atravessar buracos imensos numa cachoeira não tão longe... as pedras devem lembrar dos saltos sobre penhascos invisíveis...
Conheço bastante gente, de diversos tipos - não importo-me com quem sejam, e sim com como são! Particularmente demoro pouco tempo para confiar em alguém, porém não possuo muitos amigos. Conservo aqueles que me farão falta, os que me amaram num certo momento da vida... sei aqueles cujo amor não desfaleceu, não criou asas em seus corações, também os amo profundamente!

Quiçá não tenha mais contato com um bocado deles... estarão para sempre nas linhas, nas páginas que vou montando!
O tempo não existe. A qualquer momento pode suceder o acaso, o passado pode tornar presente, o futuro ficar no ontem da imaginação... Então vou vivendo conforme calha, adaptando minhas vontades a dos outros... a do mundo que impõe limite aos fortes...
Admiro os fracos... São Francisco de Assis! De tão pequeno revolucionou, chegou onde nenhum forte conseguiria... ironia que sucumbi paletó e gravata!

Ontem eu quase entendi o frenesi do mundo... uma pena ter desviado meu pensamento para a borboleta colorida que depositava suas patas na rosa laranja em cima da minha mesa!
A rosa laranja é resultado de parte da inquietação, mas a borboleta... inútil ser transformada!

Em tempo: Saudade de grandes amigos!
(Não farei lista)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Como já nos disse Goethe: alguns homens nunca serão compreendidos! Imagino não ter chegado ao limite tal da falta de percepção, mas há sempre alguma coisa em mim que escapa aos outros... uma fala mal dita, quiçá um olhar lento... não sei, e se soubesse não saberia grande coisa.
Nos últimos dias tento concentrar mais energia no presente. Transformar o passado em passado de fato!
Hoje o dia está corrido é é tudo o que tenho...
Muito frio. Não gosto do frio, sinto-me presa...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Às vezes me defino como uma pessoa sensível.
Não sei se sinto realmente ou entrego-me ao exagero... ultrapasso o natural, o suposto. Mas, se assim é "de fato", nem percebo: perco mais horas pensando nas causas que fazem o meu ser ser em mim do que nas coisas que devo fazer para existir ou no como durar na contínua atividade - cujo tempo é vago!
Suscetível ou não, é necessário tornar-me a cada dia. Sem pressa, retendo na memória momentos sem princípio ou fim! Tornar-me eterna... Enquanto o instante se demora vou pensando à toa no tom da minha voz!

Deixo aqui o que Vasco, personagem de Erico Verissimo, me disse na madrugada de sábado: "Eu sou um animal! (...) Com um sol destes, com um dia destes e um veleiro passando lá no rio e o vento nos eucaliptos eu ainda me lembro de filosofar. É uma doença. Eu acho que são os malditos livros. Às vezes eu penso se não seria melhor queimar as bibliotecas..."(Um Lugar ao Sol - Erico Verissimo)

Ah! Sobre o final de semana: foi estranho... ganhou um certo charme esperar o que não sucedeu e realizar o inimaginado...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Porém

Minha vida sempre foi exposta. Não porque quisesse... ela foi vivendo fora de mim e eu nem lembrei... permiti! Se tivesse pensado, imagino que não teria mãos suficientes para esconder o riso na cara... continuo tornando possível a estranha brincadeira, essa vontade de ultrapassar os poros!


Deixo para trás as peripécias exibidas da minha existência.
Aliás: gosto da palavra "peripécia", mas...



Acordei sem vontade. O céu escuro deixa tudo mais sombrio. A chuva seria interessante, quiçá!
Pelo menos me prenderia em casa...



Demorei algum bocado de tempo para perceber que há mister correr, que o tempo não existe e que o mundo começa no instante agora... Porém não sei o que fazer com as tais certezas! "(...) não há nada de bom neste mundo que não tenha o seu porém" (Horácio de Almeida). Creio que ele me compreenda, "porém" nunca soube dos meus dias!









No fundo somos como esse homem, "porém" ele é forte e nós nem sempre...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A vida esvai. Vai-se rindo. À toa. E vamos nós. Nos cantos. Entoando uma conversa astuciosa.
O " Cansaço Diário" nasce, mas não tem personalidade alguma.

É necessário que o blog se apresente, quiçá!

Ele já não pode mais...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O dia amanheceu com ares de segunda-feira chuvosa!

Ainda não sei o que esperar da vida e das pessoas...

Quem sou eu

Minha foto
O retrato mágico, que se move...
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
(Clarice Lispector)