quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Teresa não deu em nada. Fizeram dela. Acharam. Só Teresa sabia. Só Teresa sentia. Coitada! Não teve coragem na vida. Se quisesse podia falar, mas o ar ficava preso entre os dentes... Chorava: a única coisa. Dizia - quando muito - trazer alivio ao coração que já batia em frangalhos.
Alice. Só Alice não chorou. Olhou para o alto. Reconheceu. Quando baixou os olhos notou a terra cheia de vermes. Riu. Pisou. Como podia aniquilar aqueles seres falantes! Alice amou a vida. Fez. Achou. Só Alice sabia. Só Alice sentia.
E eu?

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Gabriel, feliz por mais um mês!

AS SEM-RAZÕES DO AMOR


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

Amo você!

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Quem sou eu

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O retrato mágico, que se move...
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
(Clarice Lispector)