terça-feira, 29 de setembro de 2009

Uma tela de Jader Resende

Lembro-me de possuir apena uma flor! Engraçado como elas continuam a nos inspirar... carregam qualquer coisa de silêncio nas pétalas, sempre delicadas! Quando eu era menos complicada tinha flores...
Obrigada, amigo Jader, pelo presente!


(Jader Resende)

(...) "dentre tantas a mais indicada realmente é uma flor."
Meu pequeno jardim plantado em vasos
Saudade...

Pela nostalgia, amigo, obrigada!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Para Jader Resende

De repente descubro que o mundo pode ser do tamanho que quero!

Essa cova em que estás
com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste da vida
É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que me cabe
deste latifúndio.
(João Cabral de Melo Neto)
Obrigada, amigo Jader, pela sugestão! Pelo interesse e, principalmente, pela sensibilidade...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Decisão

Decidir? Deixe isso rolar...
Ir de encontro à emoção!
Tocar, e chega.
Suspirar.Sentir.Calar
De repente perceber
Que a canção é viva!

Decidir?
Se já escolheu
A felicidade que lhe faz
E mesmo sem poder voltar
Deixe a canção tocar em paz!

Não leve a mal o poeta
Só canta para que a musa
Pense. Cale e suspire
Escolhas tão naturais

(Gabriel Oliveira)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Não é mais o sexual que é indecente, é o sentimental – censurado em nome daquilo que não passa, no fundo, de uma outra moral.

(O animal agonizante - Philip Roth)
Teresa não deu em nada. Fizeram dela. Acharam. Só Teresa sabia. Só Teresa sentia. Coitada! Não teve coragem na vida. Se quisesse podia falar, mas o ar ficava preso entre os dentes... Chorava: a única coisa. Dizia - quando muito - trazer alivio ao coração que já batia em frangalhos.
Alice. Só Alice não chorou. Olhou para o alto. Reconheceu. Quando baixou os olhos notou a terra cheia de vermes. Riu. Pisou. Como podia aniquilar aqueles seres falantes! Alice amou a vida. Fez. Achou. Só Alice sabia. Só Alice sentia.
E eu?

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Gabriel, feliz por mais um mês!

AS SEM-RAZÕES DO AMOR


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

Amo você!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Para Liciane Pataca, uma amiga querida...

Psicologia de um vencido


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

(Augusto dos Anjos)

sábado, 19 de setembro de 2009

Homeostasia

incerteza, insegurança
é Fernando
quiçá, Pessoa volúvel
cheira à guerra
luta para não girar com o vento

constância na música
na pOeSiA

no c
........o
...........ti
.............diano
no caminhar das horas
até na alegr...

o ritmo, me guia
a métrica, consome
e o descompasso
ah! ainda me cria...

manter-se firme? magistral

b-e-l-o
mas... nessa batalha só caio
enroscado à inconstância

(Gabriel Oliveira)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ciranda da Bailarina

Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem...


(Edu Lobo / Chico Buarque)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Reflexivo

O que não escrevi, calou-me.
O que não fiz, partiu-me.
O que não senti, doeu-se.
O que não vivi, morreu-se.
O que adiei, adeu-se.

(Affonso Romano de Sant'Anna)



Cores de Almodóvar

Já me sabia feliz, ainda mais feliz que antes... mas ontem aconteceu que me falaram do sorriso alegre...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

E releio os posts do blog

Não tenho idéias nem vontade de sentar à mesa nem coragem para pegar a caneta e o papel ficou tão longe... por que fui esquecê-lo? pronto! não desenho mais nenhuma letra. mas fico pensando P-E-N-S-A-N-D-O pensando pensando... imaginando milumacoisas que as palavras gostariam de dizer e não permiti! como sou egoísta... agora fico triste. já não vale a pena dizer. tentar mudar o mundo? se nem as palavras, sempre quietas, sou capaz de escutar... decido fazer silêncio. prometo contar-lhes tudo que elas, sempre crianças, me disserem!



"Gabriel, amo você!"

Quem sou eu

Minha foto
O retrato mágico, que se move...
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
(Clarice Lispector)