quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu ...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

(Florbela Espanca)

quarta-feira, 29 de julho de 2009


terça-feira, 28 de julho de 2009

Quero deixar cair todos os cadáveres que carrego nos ombros! Preciso de toques de verdade... sorrisos reais, pensamentos - muitos pensamentos! -, ideias lotadas de cor, de som... MOVIMENTO! Por isso, escolho a vida. Pessoas mortas já não passam por aqui. Exercem a função de meterem o nariz, gelado, em tudo. São como as coisas, incomodam, tiram nosso sono - já nos disse Quintana. Creiamos: ele conheceu João e João é inquietante!
A vida está nos olhos do velhos bem velhos... quando não tinham mais o que fazer amaram raparigas na terra nua. Depois deixaram os dias levarem a juventude do corpo, mas não da alma! A vida está nos sorrisos das crianças... escancaram as bocas pequeninas num riso sincero, sem saber que o que as tornam alegres, às vezes - e quase sempre - é a desgraça dos outros.
Quero romper com o pensamento dos mortos! Preciso das horas simples, dos velhos, das crianças e vez ou outra a presença viva das matas...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Considerações

Às vezes vontade de sentar, tomar o café derradeiro e correr para o mundo que não para!
Outras apenas cuidar da velha árvore no quintal... ficar sentada até o último dia!
Mas não, não quero grandes excessos. Se pudesse me equilibrar... já não posso mais: a corda bamba ficou frágil, podre! Impossível passar sem cair.

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Ontem falava sobre Paixão. Os sábios Clichês hão de matar-me por querer que Ela não passe. Creio, e creio com a mesma certeza dos loucos incompreendidos, que Ela permanece. É como perfume vulgar cujo banho alivia, mas fica para sempre na pele de quem usa! É o vício nos drogados... vai além da filosofia! Nos escapa...
Recuso-me a pensar que Ela, toda graciosa, ceda lugar ao amor. Ela vive - quase - independente dele. Cabe a mim, na hora agora levanto a bandeira em favor da tão inesperada Dama, não deixar que Ela morra, mas que seja incendiada a cada momento!
Oh! Bela Senhora... permita nunca que Suas labaredas tornem-se brasas! Preciso do vento soprando as chamas ardentes...

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Achei essa foto em dias de chuva.
Talvez mereça um post., se não merecer agora fica sendo!

Emiliano Capozoli
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O AMANTE INVISÍVEL

Quero suprimir o tempo e o espaço
A fim de me encontrar sem limites unido ao teu ser,
Quero que Deus aniquile minha forma atual e me faça voltar a ti,
Quero circular no teu corpo com a velocidade da hóstia,
Quero penetrar nas tuas entranhas
A fim de ter um conhecimento de ti que nem tu mesma possuis,
Quero navegar nas tuas artérias e confabular com teu sangue,
Quero levantar tua pálpebra e espiar tua pupila quando acordares,
Quero baixar a nuvem para que teu sono seja calmo,
Quero ser expelido pela tua saliva,
Quero me estorcer nos teus braços
Quando os fundamentos da terra se abalarem nos teus pesadelos,
Quero escrever a biografia de todos os átomos do teu corpo,
Quero combinar os sons
Para que a música da maior ternura embale teus ouvidos,
Quero mandar teu nome nas flechas dos ventos
Para que outros povos te conheçam do outro lado do mar,
Quero forçar teu pensamento a pensar em mim,
Quero desenhar diante de teus olhos
O Alfa e Ômega nos teus instantes de dúvida,
Quero subir em ramagem pelas tuas pernas,
Quero me enrolar em serpente no teu pescoço,
Quero ser acariciado em pedra pelas tuas mãos,
Quero me dissolver em perfume nas tuas narinas,
Quero me transformar em ti.
(Murilo Mendes: A Poesia em Pânico. 1936-1937)
* Deixo as palavras de Murilo Mendes para meu amor
Sou uma pessoa apaixonada!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Silêncio de um Cipreste

Todo mundo tem o direito
De viver cantando
O meu único defeito
É viver pensando
Em que não realizei
E é difícil realizar
Se eu pudesse dar um jeito
Mudaria o meu pensar

O pensamento é uma folha desprendida
Do galho de nossas vidas
Que o vento leva e conduz
É uma luz vacilante e cega
É o silêncio do cipreste
Escoltado pela cruz

(Cartola e Carlos Cachaça)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Nenhum post. O último ainda um tanto triste...
Ando cansada, sem vontade de escrever! Aborreço-me às vezes ao deixar rasto, mas se não o deixo meu ser explode dentro em mim... resta-me apenas passar, esperar que outros olhem as pegadas que ficaram no chão sujo!
Planos, muitos panos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Estou triste!
Vontade de chorar feito criança...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

(!): à Flor D'água

(!): à Flor D'água

Mário Liz mais uma vez.
À propósito: com muito prazer...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

E diziam que nada poderia alterar meu tom... ou talvez dizia eu!
Hoje o Cansaço Diário ficaria sem post., porém Quincas pediu e se Quincas pede tudo pode!

O poema é do Vinicius!


O CAMELÔ DO AMOR

O Amor tonifica o cabelo das mulheres
Torna-o vivo
e dá-lhe um brilho natural.
Ondulações permanentes? só das do amor. Amai!
Nada melhor que o Amor para as moléstias do couro cabeludo.

O Amor
ilumina os olhos das mulheres
Olhos sem cor? Amor! Olhos injetados?
Colírio lágrimas de Amor! Amai mulheres!
O Amor branqueia a córnea,
acende a íris, dilata as pupilas cansadas.

O Amor limpa de rugas a
fronte das mulheres
Para pés-de-galinha, beijos de Amor. Tende sempre em
mente:
O Amor coroa as mulheres de pesados diademas invisíveis
Amai
mulheres! A mulher que ama move-se dignamente.

O Amor heleniza o nariz
das mulheres
Quando não dá-lhes delicados riques, particularmente nas asas.
Narizes gordurosos, com propensão a cravos, acnes ou espinhas?
Amai,
mulheres! esfregando de leve os narizes de encontro ao nariz amado.

Amor
horizontal é melhor e não faz mal. Bocas plenas rosadas palpitantes?
Beijos
de Amor constantes! mantêm-nas bem lubrificadas.
Se quereis conservar aceso
o ardor dos que vos amam
Beijai, mulheres! doce, triste, alegre,
violentamente apaixonadas.

Nem Ardens, nem Rubinsteins: morte às
pomadas!
Pomadas, cremes, só de amor, amadas!
Pele jovem e macia? amai
se possível todo o dia
E ante o esplendor de vossas peles há de ruborizar-se
a madrugada.

O Amor estimula extraordinariamente a higiene bucal
Os
amorosos lavam-se os dentes, dão-se massagens nas gengivas,
limpam-se as
línguas com água e sal Que é, como todos sabem, o composto químico da saliva
Que conseqüentemente se ativa impedindo a halitose e tornando a carícia
palatal.

Não sabe aquela que só compra Lifebuoy?
Perdeu o marido e
nunca soube como foi.
Sim, lavai-o debaixo de vossas asas, ó anjos, mas nada
de exagero:
Uma axila sem cheiro pode levar um homem ao desespero.

Basta de pastas: ó tu que transportas o leite contigo
Bom até a
última gota! sou teu amigo ouve o que te digo;
Se amares o sangue funcionará
melhor em tuas glândulas mamares
E terás seios autodidatas firmes objetivos
singulares.

Chega de plásticas cirúrgicas, radioterapias e outras
perfumarias
Vivei e amai ao sol: para aquele que vos ama vossos defeitos são
poesia
Nada mais lindo que a feiúra da mulher amada.
Por isso eu sempre
digo: qual regulador qual nada!

Regulador? besteira! Amai, mulheres.
A verdadeira Saúde da mulher está em ser boa companheira
Dê e tome, tome
e mate, e mate de Amor.
A mulher que se preza Sabe sorrir.
Conserve o
seu sorriso. Valha o quanto pesa.

Se é de Amor, é bom. Eu sempre digo, e
faço figa D
o que me diga não ser melhor que óleo de fígado.
Pois além
de excitar o metabolismo basal
Para o simpático é o tônico ideal.
Eis o
seu mal, não amar. Daí, decerto, a causa
Dessas palpitações, enxaquecas e
náuseas...
O espetáculo começa quando a senhora chega.
Espere um
instante por favor
E repita comigo, bem devagar: A-M-O-R.
(Vinicius de Moraes)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Dizem que é ao acaso que encontramos o amor da nossa vida! Não acredito em acasos, mas em amores eternos...

"Quanto mais olho pra você, mais sei que não somos dois."
(Fernando Pessoa)

A vida é a eterna reciclagem! Cada um tem seu tempo aqui na terra...

"tempo para nascer e tempo para morrer"
(Eclesiastes)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dois parágrafos de um livro

É o começo de um livro, porém sem revisão e sem tamanho para ser até mesmo isso...sem palavras escritas da forma como querem! Preciso de dez páginas as outras dez ficam por conta de Jéssica Dias, irmã maravilhosa!


Estava cansada das pessoas que a olhavam sempre com cara de pena, não havia motivo, afinal era como os outros. Queria ser tocada, até mesmo como as prostitutas, sentir o frêmito da vida! Sabia viver, sonhava com outros dias e também que o mundo lhe reservara algo raro, bastava esperar o tempo certo...
O sol batia em seu rosto tornando-o mais claro que o habitual, deixando à mostra rugas disfarçadas - na noite anterior - por um pó barato. Nesse instante Alice acordou. Era tarde de domingo. Viu-se refletida no óculos que a filha esquecera sobre o móvel enferrujado. Santo Deus, que cabelo! Que cara... Era preciso mudar, era urgente transformar o próprio jeito de se apresentar, mas Branca arrebentara a porta e o silêncio que suavizava qualquer impressão de Alice.
- Mãe!

(...)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

"Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo"
(Os Sofrimentos do Jovem
Wherter - Goethe)
Posso ser o que quiser. Basta os olhos imaginarem eu passarinho, eu coisa... qualquer coisa! Ainda ganhar os ares, se eu nuvem e mais uma vez o céu se eu sol. Mas não sou toda imagem, falta-me a graça dos loucos, bem loucos... tão loucos que são o momento, apenas! Quiçá eles passarinhos conquistem asas de verdade!

Quem sou eu

Minha foto
O retrato mágico, que se move...
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
(Clarice Lispector)