terça-feira, 28 de julho de 2009

Quero deixar cair todos os cadáveres que carrego nos ombros! Preciso de toques de verdade... sorrisos reais, pensamentos - muitos pensamentos! -, ideias lotadas de cor, de som... MOVIMENTO! Por isso, escolho a vida. Pessoas mortas já não passam por aqui. Exercem a função de meterem o nariz, gelado, em tudo. São como as coisas, incomodam, tiram nosso sono - já nos disse Quintana. Creiamos: ele conheceu João e João é inquietante!
A vida está nos olhos do velhos bem velhos... quando não tinham mais o que fazer amaram raparigas na terra nua. Depois deixaram os dias levarem a juventude do corpo, mas não da alma! A vida está nos sorrisos das crianças... escancaram as bocas pequeninas num riso sincero, sem saber que o que as tornam alegres, às vezes - e quase sempre - é a desgraça dos outros.
Quero romper com o pensamento dos mortos! Preciso das horas simples, dos velhos, das crianças e vez ou outra a presença viva das matas...

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Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
(Clarice Lispector)