segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)


sábado, 24 de outubro de 2009

Mais uma semana se vai!
Ainda estou amando as pessoas... que bom!
Gostando de conhecer gente.
Ansiosa para os dias que virão! Quiçá, assim: de repente, tudo se transformará!
Feliz, sempre feliz!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Se Quincas pede, tudo pode!

Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

(Carlos Drummond de Andrade)


Gabriel, amo você!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A pedido de Jader Resende

Poema da purificação

Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.

As água ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.

Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.


(Carlos Drmmond de Andrade)

"Gabriel, sorte hoje! Amo você..."

sábado, 17 de outubro de 2009

Carmen purificationis

Tot ad finem praeliorum
bonus angelus malo mortem intulit
cuius corpus praeceps dedit flumini.

Evaserunt undae rubrae
sanguine perenniter,
mortui sunt et pisces omnes.

Lumen tamen unde veniens
nemo fuit qui diceret
mundo illuminando apparuit,
angelusque vulnus alter persanavit
dimicantis angeli.


(Carlos Drummond de Andrade - tradução: Silva Bélkior)

sábado, 10 de outubro de 2009

Cansada!
O dia amanheceu ensolarado, mas ficou não durou...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Recorte que ganhei da minha mãe...

Ler sempre
Ler muito.
Ler "quase" tudo.
Ler com os olhos,
com os ouvidos
com o tato,
pelos poros
e demais sentidos.
Ler com razão e
sensibilidade.
Ler desejos, o tempo,
o som do silêncio
e o vento.
Ler imagens, paisagens,
viagens,
Ler para obter informações,
Inquietações,
dor e prazer.
Ler o fracasso,
o sucesso,
o ilegível,
o impensável,
as entrelinhas...
Ler na escola, em casa,
no campo, na estrada,
em qualquer lugar...
Ler a vida e a morte.
(...)

( Edith Chacon Theodoro)

sábado, 3 de outubro de 2009

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não quere-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a magica presença das estrelas!

(Mario Quintana)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Não é mais, Murilo, a 'Poesia em Pânico". É a vida em pânico, somos nós em pânico... com pânico de nós mesmos! Querendo (re)inventar para, no fundo, não dar de cara com o silêncio infinito, com os "milhões de olhos por dentro"... Vamos viver tudo de todas as formas, Pessoa, deixar o medo consumir cada instante. Dar ao corpo e a alma ares de eterno! Mentir - e acreditar - que a vida permanece além túmulo!
Não escrevo almejando o "durar para sempre", faço-o para explorar o meu espanto! Na verdade por simples capricho, apego as coisas bem coisas!
Estão cheios de lágrimas. Como a vida não teve pena dos mortos. Manuel Bandeira. Clarice Lispector.
Lendo alguns imortais deparo-me com a vida.

Quem sou eu

Minha foto
O retrato mágico, que se move...
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
(Clarice Lispector)